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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Fascismo

Benito Mussolini, o criador do fascismo enquanto ideologia política, recuperou a economia italiana e, influenciado pela deusificação de sua imagem começou uma expansão imperialista nos anos 30 que culminou em uma desastrosa participação na Segunda guerra Mundial

Fascismo - é uma doutrina totalitária desenvolvida por Benito Mussolini na Itália, a partir de 1919 e durante seu governo (1922–1943 e 1943–1945). A palavra "fascismo" deriva de fascio, nome de grupos políticos ou de militância que surgiram na Itália entre fins do século XIX e começo do século XX; mas também de fasces, que nos tempos do Império Romano era um símbolo dos magistrados: um machado cujo cabo era rodeado de varas, simbolizando o poder do Estado e a unidade do povo. Os fascistas italianos também ficaram conhecidos pela expressão camisas negras, em virtude do uniforme que utilizavam.

O surgimento do fascismo na Itália coincide com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O país amargava grandes perdas materiais e humanas e devia somas elevadas aos banqueiros norte-americanos e ingleses. A 1º Guerra Mundial teve um saldo trágico para os italianos: 700 mil mortos e 500 mil feridos. Além disso, a fome, a inflação e o desemprego afetavam operários e camponeses, estimulando reivindicações sociais.


Tirando proveito dessa situação, o ex-combatente Benito Mussolini fundou, em 1919, os fasci italiani di combattimento, organização que deu origem ao movimento e ao partido fascista. A organização contava com paramilitares, muitos deles desempregados e ex-combatentes da Primeira Guerra, que perseguiam os antifascistas. Os fascistas usavam de muita violência contra organizações e líderes operários socialistas, seus principais adversários.

O movimento fascista de Mussolini converteu-se num partido nacional (o Partido Nacional Fascista) após ter ganho 35 assentos no eleições ao parlamento de maio de 1921. Inicialmente combinando elementos ideológicos da esquerda e da direita, ele alinhava pelas forças conservadoras pela sua oposição às ocupações a fábricas de Setembro de 1920.

No dia 28 de outubro de 1922, um grande manifestação organizada por militantes fascistas, os chamados Camisas Negras, realizaram uma passeata, a
Marcha sobre Roma, onde os militantes reivindicavam o poder político no reino. Este evento representou a ascensão ao poder do Partido Nacional Fascista (PNF) e o fim da democracia liberal, pela nomeação de Mussolini como chefe de governo pelo rei Vítor Emanuel III.

A transição para uma ditadura assumida foi mais gradual do que na Alemanha uma década mais tarde, apesar de em julho de 1923 uma nova lei eleitoral ter dificultado a constituição de uma maioria parlamentar fascista, e o assassínio do deputado socialista Giacomo Matteotti onze meses mais tarde mostrou os limites da oposição política. Em 1926 os movimentos de oposição tinham sido declarado ilegais, e em 1928 a eleição ao parlamento era restrita a candidatos aprovados pelos fascistas.

O governo de Mussolini pode ser dividido em duas grandes fases:

Consolidação do Fascismo (1922 a 1924) - Mussolini realizou um governo marcado pelo nacionalismo extremado, e pelo capitalismo. Paralelamente, fortaleceu as organizações fascistas com a fundação das Milícias de Voluntários para a segurança Nacional. Valendo-se de todos os métodos possíveis, inclusive de fraude eleitoral, os fascistas garantiram a vitória do Partido nas eleições parlamentares de abril de 1924. O deputado socialista Giacomo Matteoti denunciou as violências fascistas. Devido a sua firme oposição, Matteoti foi assassinado em maio de 1924. A morte de Matteoti provocou indignação popular e forte reação da imprensa política oposicionista. Mussolini assumiu a responsabilidade histórica pelo homicídio do líder socialista, decretando uma série de leis que fortalecia o governo.

Ditadura Fascista (1925 a 1939) - Nos meses finais de 1925, Mussolini implantou o fascismo na Itália. Os sindicatos dos trabalhadores passaram a ser controlados pelo Estado por meio do sistema corporativista. Foi criado um tribunal especial para julgar crimes considerados ofensivos à segurança do Estado. Inúmeros jornais foram fechados, os partidos de oposição foram dissolvidos, milhares de pessoas foram presas e outras foram expulsas do país. A Ovra, polícia secreta fascista, utilizou os mais terríveis tipos de violência na perseguição dos oposicionistas. Os fascistas puniam seus adversários obrigando-os a ingerir óleo de rícino. Mussolini empenhou-se em fazer da Itália uma grande potência capitalista mundial. Para isso promoveu a conquista da Etiópia, em 1936, e o revigoramento industrial. Mussolini tornou-se conhecido como o Duce, em italiano, aquele que dirige .

Caracteristicas do FASCISMO:

Em texto publicado no “New York Review of Books” em junho de 1995, o filósofo italiano Umberto Eco elencava as 14 características fundamentais de todos os regimes fascistas da história.

Fascismo eterno, por Umberto Eco:

“Estas características não podem ser organizadas num sistema; muitas delas contradizem umas às outras, e também podem ser exemplos de outros tipos de despotismo ou fanatismo. Mas é a presença de um deles é suficiente para que o fascismo se forme em torno dele”, dizia Eco.

A versão de Eco é muito mais filosófica, profunda e idealizada de que a de Naomi Wolf, que se baseia em exemplos reais para analisar os Estados Unidos, mas mesmo aqui é possível reconhecer algumas características comuns ao que se vê atualmente na maior potência do mundo.

As características são:

1 - Culto à tradição
2 - Rejeição à modernidade
3 - Culto da ação pela ação (descrédito da atividade intelectual)
4 - Ataque ao espírito crítico
5 - Medo da diferença, racismo e ataque à diversidade
6 - O fascismo eterno deriva de frustrações individuais ou sociais
7 - Entre pessoas sem identidade social, o fascismo ressalta o privilégio comum de nascimento num mesmo país
8 - Os seguidores devem se sentir humilhados pela ostentação, riqueza e força dos seus inimigos
9 - Não há luta pela vida, mas a vida é vivida pela luta
10 - Desprezo pelos mais fracos
11 - Todos são educados para se tornarem heróis
12 - Levado pelo heroísmo e pela guerra, o fascismo universal reforça o sentimento machista
13 - Populismo seletivo, dando a impressão de que o povo tem voz, enquanto é governado com mão de ferro
14 - “Novilíngua”: empobrecimento do vocabulário e da sintaxe para limitar o pensamento

Abaixo segue documentário "A Aventura Imperialista de Mussolini na Abissínia", da coleção -Aniversário da II Guerra Mundial, 1939-1945- da Editora Abril.